SEM RÉGUA E SEM COMPASSO Mesmo no auge da ditadura, no álbum Cérebro eletrônico, Gilberto Gil cantou, em “Aquele abraço”, os seguintes versos: “Meu caminho pelo mundo, eu mesmo traço// A Bahia já me deu régua e compasso...” Mas isso já faz décadas. Foi quando a “erva do capeta” era o maior dos escapes da “juventude transviada”. Foi quando aquilo não impedia ninguém de ficar, “sentado ali, na grama do aterro sob o sol, observando hipócritas, disfarçados, rondando ao redor”, ou só olhando “...estrelas junto à fogueirinha de papel”. Mal se sabia o tanto que ainda se teria de pedir, todos os dias e com muitas lágrimas, “No woman, no cry”. Fico pensando se hoje, algum compositor sério (espécie em extinção), lançando olhar para a sociedade, teria condições de cantar versos tão incisivos quanto aqueles acima; afinal, conforme aponta o mapa da violência, nosso país é um dos mais agressivos do planeta. Num doloroso resumo, as mortes de brasileiros com até 19 anos cresceram mais de 370% desde a ...