Governo do DF, empresa e Fifa querem apagar o nome de "Mané Garrincha" do novo estádio para a Copa 2014

Mané Garrincha deixa adversário no chão após drible desconcertante
Em mais uma demonstração de submissão dos governos brasileiros (estaduais e federal) à Federação Internacional de Futebol (FIFA), o governo do Ditrito Federal vetou na terça-feira (5) o projeto de lei que garantia a continuidade do nome Mané Garrincha ao novo estádio que está sendo contruído para a Copa do Mundo de Futebol 2014.

A justificativa do do governador Agnelo Queiroz (PT) é que a responsabilidade de batizar o novo estádio é da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), empresa que será proprietária da arena.

O estádio custará R$ 822 milhões que serão financiados com dinheiro público via o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e, ao fim das obras, será entregue para a Terracap administrar e lucrar!

O modelo de parcerias público-privado só poderia resultar no desleixo da memória cultural de um dos maiores ídolos do futebol nacional.

O projeto de lei foi proposto pela direita, através da deputada Liliane Roriz do PSD. Provavelmente o interesse da Roriz era fundamentalmente atacar o governo, no entanto, independente do oportunismo politiqueiro, a lei deveria ser sansionada.

Mané Garrincha pela Seleção Brasileira em 58
O antigo Estádio Mané Garrincha foi inaugurado em 1974 e demolido em 2010 para a construção da nova arena. Era uma homenagem ao homem que é um dos símbolos do futebol-arte. Manuel Francisco dos Santos, nome do Mané Garrincha, ficou conhecido pelos seus dribles desconcertantes e o jeito alegre de jogar futebol. O "Anjo de Pernas Tortas" é considerado um dos maiores dribladores da história. Foi um dos heróis da conquista da Copa do Mundo de 1958 e, principalmente, da Copa do Mundo de 1962. Um patrimônio cultural do esporte mais popular do Brasil.

A interferência da Fifa e das empresas envolvidas com a realização da Copa 2014 tem sido tanta que a constituição brasileira foi praticamente jogada no lixo. O "país do futebol" não é soberano para realizar da sua forma o principal evento do futebol.

Assim foi no caso da venda de cerveja nos estádios, proibida no Brasil na maior parte dos estados. Mas como uma das patrocinadoras da Copa é uma indústria de cerveja, a lei teve que ser modificada às pressas. Sem falar no escândalo da meia-entrada. A Fifa quer que o Brasil acabe com esse direito estudantil durante o evento, para dar mais lucro na venda dos ingressos.

O futuro das obras, se elas devem ou não serem executadas e de qual forma, deve ser determinado pelo povo trabalhador, pois é ele que utilizará o legado.

Em Cuiabá-MT foi demolido o antigo estádio "Governador José Fragelli", popularmente batizado de Verdão, também para construção de um novo estádio para a Copa 2014. José Fragelli foi membro do Arena, partido da ditadura militar, e teve muitos enfrentamentos com os interesses dos trabalhadores. Neste caso, fazemos questão de apagar para sempre  essa recordação. O novo estádio já é chamado oficialmente de "Arena Pantanal" e para o povo continua sendo o "estádio Verdão". Já o "Estádio Nacional de Brasília", como está sendo oficialmente chamado, deve continuar como o eterno "estádio Mané Garrincha", uma justa homenagem.

Fábio Ramirez

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