CAB (Sanecap privatizada) deixa 83 bairros de Cuiabá sem água! Essa era a "solução" Chico Galindo?

Moradores de 83 bairros de Cuiabá ficarão sem água durante quatro dias. São aproximadamente 140 mil pessoas, moradores da região sul da capital. Com apenas um mês à frente da Companhia de Saneamento da Capital (SANECAP), a empresa Companhia Águas do Brasil (CAB Cuiabá) deu o primeiro presente de grego à população cuiabana. Desde o dia 17 de abril o serviço de água e esgoto em Cuiabá é privatizado, ação organizada principalmente pelo prefeito Chico Galindo e pelo vereador e presidente da Câmara, Júlio Pinheiro, ambos do PTB.

Segundo a CAB, o problema deve-se a uma falha nas bombas que fazem a captação da água na Estação de Tratamento do Tijucal, falha que teria sido identificada somente na noite de quarta-feira (16/05).

O Irônico é que a justificativa da privatização era justamente a falta de água em alguns bairros de Cuiabá, além da insuficiente rede de esgoto. Passados 30 dias os problemas parecem que não foram resolvidos, como prometia o prefeito Chico e vereador Júlio.

Alguns vão dizer que em 30 dias não dá para fazer cobranças, pois não deu tempo para ajeitar as coisas. Por outro lado, a suspensão do fornecimento de água mostra que a CAB não possui o "raio-x" do sistema de abastecimento e tratamento de água em Cuiabá, afinal, como é possível não ter se detectado a tempo um problema na principal bomba da principal estação da cidade?

O fato mostra a catástrofe que pode ser uma empresa, cujo único objetivo é lucrar, assumir um serviço essencial à vida, como a água. Aliás, nem satisfação à população a CAB deu, nenhum comunicado, nada!

Cadê a Agência Municipal de Água e Esgotamento Sanitário (AMAES), que em tese seria responsável pela fiscalização da CAB Cuiabá? Nesse momento a prefeitura deveria exigir da CAB água já em todas as torneiras, que a CAB dê um jeito e arrume caminhão pipa para atender os 80 bairros! Mas não, o servil prefeito Galindo não têm compromisso com os trabalhadores, pelo contrário, é um agente dos capitalistas da pior espécie.

Nesse primeiro mês de gestão privatizada, o povo só teve constrangimentos. Nunca foi tão difícil entrar em contato com o call center da CAB para reclamar de cobranças indevidas ou falta de água. Da mesma forma como ocorre com os serviços de energia e principalmente telefonia, é quase impossível ser atendido e ter suas necessidades resolvidas.

Nesse sentido, a professora Adriana, moradora do bairro Jardim Fortaleza, região do Coxipó, reclama da falta de água e do péssimo atendimento da empresa.  "Há três semanas não vem água, já cansei de ligar na CAB reclamando e eles só me dão protocolo. Já tenho um monte de protocolos, já falei que não quero protocolo, quero água na minha casa, e até hoje nada", desabafou a professora, nesta quinta-feira no SINTEP - Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público.

Ao site Mídia News, o pequeno comerciante Antunes Dias Santos, do bairro Osmar Cabral, disse estar decepcionado com os primeiros resultados da privatização. "A impressão é que as coisas continuam a mesma, a gente tinha esperança de melhorar, mas até agora ficou só na promessa", afirmou.

Manifestação contra a privatização da SANECAP

A privatização da SANECAP foi um processo muito conturbado, com denúncias e intensas mobilizações contrárias, principalmente dos trabalhadores da antiga estatal e do Movimento Estudantil.

Se aproveitando de um sucateamento planejado da empresa estatal, da falta de esgoto (proposital) a prefeitura e a maioria dos vereadores aprovaram a privatização sem discussão alguma com a população.

Pelo acordo, a CAB assume os serviços por 30 anos, podendo ser renovado por mais tempo. A prefeitura receberia R$ 516 milhões pela privatização, isso no papel, pois até o  momento a CAB pagou somente R$ 31 milhões. É sempre assim, para o povo os mais altos juros, para os ricos os juros baixíssimos e os prazos de décadas para pagar.

Mas os trabalhadores darão o troco, com juros e correções monetárias!

Fábio Ramirez